Ford Mustang GT 500 x Chevrolet Camaro x Dodge Challenger

Eduard Loh/New York Times Syndicate//Fotos: Julia LaPalme, Jessica Germiller, William Walker- Motor Trend

Julia LaPalme
Ford Mustang GT 500 Super Snake encara versões envenenadas de Chevrolet Camaro e Dodge Challenger
Uma fanfarrice do tamanho do mundo deu início à onda de carros retrô. Em janeiro de 2009, o conhecido tunador John Hennessey, de Houston, divulgou os planos para um Camaro 2010 com motor de Corvette ZR1 de 715 cavalos. Naturalmente, houve frisson nos fóruns on-line sobre quando e como a Ford responderia com seu Mustang 2010.
Nem duas semanas depois, um comunicado à imprensa quentíssimo, direto de Las Vegas, apareceu em nossa caixa de entrada, detalhando os planos da Shelby para um Mustang GT500 Super Snake de 735 cv. E, simples assim, a mãe de todas as batalhas de muscle cars havia começado. O embate fácil teria sido simplesmente deixar esses dois valentões se pegarem em um ringue de asfalto, mas nós queríamos mais. Então, resolvemos arrumar um trio de 700 cavalos e saímos à caça de um Challenger com insolência suficiente para andar roda a roda com o Shelby e o Hennessey.
Como os outros dois, o tunador do Dodge teria que produzir um veículo utilizável no cotidiano, não apenas uma obra maluca. Nós procuramos níveis de mecânica, acabamento e confiabilidade dignos de um fabricante, respaldados por garantia e assistência técnica. Com o Camaro já na disputa, Hennessey estava excluído do cargo de tunador do Challenger. Nós examinamos com atenção os lendários construtores de muscle cars Mr. Norm e Hurst Shifters, já que ambos haviam criado SRT8s de peso para o salão SEMA de 2008. O problema era que o Super Challenger de 900 cavalos de Mr. Norm é um exemplar único superpoderoso, enquanto os Super Challengers tradicionais não reúnem a tropa necessária. Nem os Challengers de Hurst Shifters: o mais potente SRT8 Série 5 empaca nos 580 cv.
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O trio despeja toda a cavalaria no asfalto: força bruta
Então temos a SpeedFactory de Morrow, Geórgia. Embora não seja uma celebridade como Mr. Norm ou Hurst nem tenha a moral nas ruas de Hennessey, a SpeedFactory é uma empresa conceituada no âmbito de Dodges de alto desempenho. Como a primeira a oferecer peças e acessórios para os muscle cars atuais da Mopar, a SpeedFactory oferece modificações para o Challenger SRT8 desde uma mudança de Estágio 1 na entrada de ar que proporciona 25 cavalos a mais até um veículo Estágio 6 com curso aumentado dos pistões e sobrealimentado que oferece 1000 cavalos e corre o quarto de milha em 10 segundos. A configuração Estágio 5 de 700 cavalos da SpeedFactory parecia na medida do que queríamos.
Com o triunvirato escalado, marcamos uma data e algumas regras básicas para manter o jogo limpo. Para garantir que ninguém se sentisse tentado a mandar um carro com pneus slick e gasolina de competição, fizemos o uso de gasolina 91 octanas e pneus de rua obrigatórios. Nós também dissemos aos tunadores que a primeira rodada da competição aconteceria na sede da K&N Air Filters em Riverside, Califórnia. Por que lá? Porque a K&N tem um conjunto imaculado de detectores de mentiras automotivas conhecido como dinamômetros de chassis Dynojet Research.
Durante o período de preparação, apareceram problemas grandes e pequenos. Um mês antes do duelo, a Shelby Automobiles soltou um comunicado à imprensa alterando a potência do Super Snake para 760 cv. Isso não incomodou muito a nós ou aos outros tunadores; nesses níveis astronômicos de potência, uma diferença de 45 a 50 cavalos representa apenas uma vantagem de 7%.
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Sobra de potência exige destreza para não perder o controle da traseira
Mas então, duas semanas mais tarde, Hennessey ligou para nos informar que o HPE700 não ficaria pronto a tempo. O V8 LS9 do ZR1 não conseguia se comunicar corretamente com o sistema eletrônico do Camaro e isso levaria tempo demais para solucionar. Em seu lugar, Hennessey prometeu entregar um Camaro HPE650 de 660 cv, que adiciona um supercharger Magnuson TVS2300, injetores de combustível de alto volume, configuração especial da centralina e um escapamento de aço inoxidável ao V8 LS3 do Camaro. Ele sabia que isso poderia deixá-lo em uma desvantagem significativa em relação aos outros tunadores, mas, como ele não tinha problemas com isso, nós também não tínhamos.
Dois dias antes de nossa batalha agendada, a SpeedFactory soltou a bomba maior. O Challenger Estágio 5 não iria participar. Após completar a troca de motor de 6.4, instalar o supercharger e fazer ajustes no dinamômetro com semanas de antecedência, eles fizeram a maior de todas as jogadas inexperientes – ficaram gananciosos. Aparentemente, alguém na Mopar Performance acenou com a promessa de um motor Hemi 7.2 com diâmetro dos cilindros e curso dos pistões aumentados todo em alumínio, e os caras agarraram a chance de incorporar esse motor e tirar uns 100 a 150 kg do nariz do Dodge.
Porém, um motor novo significava problemas novos. Atrasos deixaram a construção para a última hora e, quando eles finalmente instalaram o motor e peças mexidas, a comunicação deficiente entre a centralina e o sensor de ângulo do virabrequim melou todo o projeto. Será?
Após algumas ligações polidas e e-mails com palavras educadas, conseguimos convencer a SpeedFactory que levar o Challenger para nossa pequena escaramuça – não importava em que condições – era de todo interesse deles. Então respiramos fundo. Com nosso plano do Clube dos 700 definitivamente enterrado, nos dirigimos à K&N curiosos para ver como as coisas iriam se desenrolar.
Julia LaPalme
No Camaro preparado chegaram nos 620 cavalos nas rodas com ajuda de um compressor
Em sua terceira tentativa, o Super Snake preto azulado levou o dinamômetro da K&N aos 644 cv e 80,3 mkgf de torque nas rodas traseiras. Bastante impressionante para o que era essencialmente um GT500 com um supercharger Whipple modificado, borboletas de admissão duplas de 75mm e um escapamento Borla revisado. Calculando perdas no trem de força de 15 a 20%, o Super Snake estava cumprindo sua promessa de 760 cv brutos.
O próximo da fila era o HPE650, que deveria ter produzido cerca de 558 cv nas rodas se a alegação de Hennessey de 660 cv brutos fosse verdade. Quando ele produziu 620,5 cv e 82 mkgf de torque, nossas sobrancelhas e ânimo se ergueram. Talvez o Super Snake não fosse simplesmente sumir na ponta com todas as honrarias.
Cedo para falar. A SpeedFactory coloca seu Challenger SRT8 Estágio 5 na casa dos 700 cavalos líquidos, mas ele deu conta de tímidos 460 cv e 59,3 mkgf no dinamômetro. Isso apesar da turbina Vortech, intercooler água/ar e escapamento Corsa de aço inoxidável com catalisadores de alto fluxo. O que rolou? Um erro quase inconcebível, como descobriríamos mais tarde.
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O mais comportado dos três é o Dodge, com 460 cavalos medidos no dinamômetro
Após a esclarecedora sessão na K&N, todos estavam ansiosos para ver como o campeão no dinamômetro se sairia na pista de testes. Girar cilindros em quarta marcha é uma coisa, mas haveria aderência suficiente dos pneus 285/30R20 Pirelli PZeros do Shelby para conter os 644 cavalos no asfalto convencional?

O editor de testes Scott Mortara tentou sem sucesso todos os truques que sabia para executar uma largada limpa com o Snake. “Conseguir uma largada boa e precisa é quase impossível. É tudo uma questão de não deixar os pneus patinarem demais porque, não importa o que se faça, eles vão patinar”, disse Mortara. O melhor que ele conseguiu foi 4.1 segundos até os 96 km/h – empatando com um GT500 tradicional de 547,5 cv. O quarto de milha passou em 12 segundos cravados a 193,2 km/h, enquanto o irmão menor faz 12,4 segundos a 186,6 km/h. Poderia o Hennessey sair-se melhor com menos potência e mais torque, pneus mais largos e, mais importante, uma suspensão traseira independente?

A resposta foi um ligeiro pio dos pneus seguido por um rugido infernal enquanto o HPE650 se lançava a 96 km/h em 3,7 segundos, 160 km/h em 7,0 segundos e ao quarto de milha em 11,9 segundos e 195,2 km/h. Foi uma absurda exibição de força bruta. Não apenas esse tipo de velocidade é inédita em muscle cars de tração traseira, ela raramente é assim tão simples. “Um carro com o qual é relativamente fácil fazer uma largada comparado ao Snake e o câmbio com trocas sem soltar o acelerador é divertido – caso você se lembre de usá-lo”, Mortara concluiu calmamente.
Julia LaPalme
Interior original do GT 500 Super Snake vem com manopla da alavanca de câmbio com desenho exclusivo, entre outros detalhes
Após esse exibição, nós nos preparamos para a inevitável decepção do intrigantemente fraco SpeedFactory Challenger. Não apenas ele ficava devendo 158 cv para o Camaro e 20,9 mkgf de torque para o Ford, ele pesava acima de 150 kg mais que os dois. Então ficamos chocados quando ele voou até 96 km/h tão rápido quanto o Super Snake, embora o desempenho tenha caído no quarto de milha – 12,5 segundos a 185 km/h.
Qual o segredo? Pneus. A SpeedFactory equipa os SRT8s Estágio 5 com o Bridgestone Potenza RE070R, que fanáticos por pneus reconhecerão ser a opção de alto desempenho para uma pequena baratinha conhecida como Nissan GT-R. Apesar da construção que os permite rodar vazios, eles produzem aderência impressionante – como mostrado pelos 32 m que o SpeedFactory precisou para parar a partir dos 96 km/h – um empate técnico com o HPE650 e três metros a menos que o Super Snake. Mais uma vez, nada mal para um peso-pesado, mas os pneus Potenza não curaram todos os males. No teste de aderência, o Hennessey Camaro retomou a coroa, segurando mais e mais rápido com 0,95 g de média e uma passagem de 25 segundos e 0,77 g nos cones em formato oito.
Com a vitória impressionante do Hennessey na pista de testes ecoando em nossas cabeças, era hora de levar os carros 145 km ao norte para o autódromo Streets of Willow. No caminho, Mortara e o editor geral, Arthur St. Antoine, registraram suas impressões sobre cada carro.
“É realmente divertido passear na rodovia com esse abelhão amarelo. Outros motoristas – particularmente motoqueiros – parecem adorá-lo. Os Estados Unidos certamente não perderam seu amor por máquinas musculosas grandes, chamativas e extravagantemente tunadas”, escreveu St. Antoine.
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Por dentro, o Camaro também transmite esportividade, mas sem a mesma eficiência do rival da Ford
Mortara concordou: “O som desse carro é incrível. Ele não é bonzinho e suave, o que lhe diz que algo divertido está espreitando sob o capô. De fato, basta cutucar o acelerador para produzir uma ferocidade estridente que é criminalmente irritante em espaços fechados. Em rotações altas constantes, o tom fica mais suave e quase musical – ainda pra lá de alto, mas retumbante como a seção de sopro de uma banda.
O som também define o Shelby, mas ele ressoa do cofre do motor. “O assobio da turbina é ótimo, soa completamente diferente do gemido padrão de turbina que se consegue com outros carros sobrealimentados”, anotou Mortara sobre o uivo elétrico do Super Snake. “Dirigindo pela cidade, pisando fundo quando se deseja, o carro é um estouro.”
O SpeedFactory marcou pontos por suas modificações comparativamente sutis. Seu perfil baixo, rodas negras e atenção aos detalhes receberam notas altas de St. Antoine. “Visual ótimo, um carro forte para machos. Certamente uma excepcional reinvenção de um original da década de 70 tunado.” No entanto, ele não é perfeito: o carro passou a fazer um ruído misterioso no assoalho que foi mais tarde diagnosticado como um suporte de barra antirrolamento frouxo.
Antes de fazer voltas rápidas no autódromo, Mortara definiu o ponto de referência com versões de fábrica, sem modificações, de cada carro. Nós usamos uma configuração incomum de circuito, deixando de lado a seção sinuosa em favor de uma combinação de curvas de alta e baixa para ver como os carros corpulentos se sairiam no geral. Não ficamos exatamente surpresos de ver o Mustang GT500, Camaro SS e Challenger SRT8 terminarem nessa ordem, afinal o Shelby produz mais de 100 cavalos e custa dezenas de milhares de dólares mais que os outros originais de fábrica. Nossos queixos caíram quando tabulamos a ordem de chegada dos tunados.
Julia LaPalme
Exceto pelos pedais de alumínio e da instrumentação com fundo branco, o Dodge não é tão animador quanto os outros dois concorrentes
Dado o domínio do Hennessey na arrancada, talvez não seja surpresa que ele tenha dado uma lavada na pista, onde terminou impressionantes 2,64 segundos à frente do SpeedFactory Challenger. Espere aí, como? Onde está o Super Snake? O bad boy da Shelby acabou atrás não apenas do Challenger tunado, mas também do GT500 de fábrica. Mortara explicou o porquê: “Simplesmente falta de aderência. Você tem que esperar para sempre para acelerar nas saídas de curva ou a traseira dá um giro em você.”
Você poderia chamar o que os caras da SpeedFactory fizeram de uma comédia de erros, exceto que nenhum deles foi engraçado nem de longe. Desde o início, eles estavam em apuros: as desventuras financeiras da Chrysler significavam que não se podia encontrar SRT8s com câmbio manual de seis velocidades.
Julia LaPalme
A cobra identifica o Mustang envenenado
Já quanto ao misterioso sumiço de cavalos, acabou se revelando um incidente quase inacreditável durante a segunda troca de motor de última hora. Aparentemente, quando trocaram o motor Hemi deficiente pelo motor de 532 cv (de acordo com as especificações originais do Estágio 5), a Stage recebeu e instalou um 6.2 SRT8 Hemi de fábrica, basicamente fazendo a motorização do Challenger voltar à estaca zero.
Apenas após o teste o erro foi percebido, para o desgosto dos rapazes da Geórgia. E, mesmo assim, o SpeedFactory não se saiu mal. Apesar da enorme desvantagem em potência, a escolha inspirada dos pneus, o excelente ajuste da suspensão e uma transmissão de cinco velocidades melhorada (que, dizem, deve estar no catálogo da Mopar em breve) ajudaram o carro a terminar pouco atrás do Super Snake na pista de testes e à frente dele no circuito. Ainda assim, eles não conseguiriam chegar em mais do que um distante terceiro lugar neste comparativo já que, embora inabaláveis, eles estavam tragicamente despreparados. Isso não pode ser perdoado quando se lida com o poder de fogo que requisitamos.

Julia La Palme
Rodas especiais no Camaro, mais largas que as originais
O Super Snake da Shelby mostrou os maiores números no dinamômetro, mas isso foi basicamente tudo o que ele fez. Pneus mal escolhidos deixaram o Shelby manco em quase todas as medições de desempenho, o que é uma pena por causa de todo o potencial no restante do carro.
Para alguns, isso é o suficiente, já que o Super Snake era o pacote mais completo. Ele possui o maior conteúdo e melhor trabalho manual, por dentro e por fora, assim como uma gama de vantagens que não se vê, incluindo a certificação ambiental californiana (outras estão pendentes) e um nome reconhecido que praticamente garante um alto valor de revenda. Com esses pneus, ele simplesmente não tinha o respeito do Hennessey.

Julia La Palme
E o Dodge tem apenas pincas vermelhas como chamariz
Estranhamente, assim como o HPE650 serve para destacar o baixo desempenho do Super Snake, John Hennessy poderia aprender algumas coisas sobre ajustes de suspensão e refinamento da SpeedFactory e da Shelby, respectivamente. Em termos de desempenho geral, o HPE650 Camaro de Hennessey derrotou os oponentes com esse veredito: contar vantagem não significa nada se você não conseguir prová-la.


referência

http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/0,,EAH0-10172-1026-2,00.html

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