Eduard Loh/New York Times Syndicate//Fotos: Julia LaPalme, Jessica Germiller, William Walker- Motor Trend
Ford Mustang GT 500 Super Snake encara versões envenenadas de Chevrolet Camaro e Dodge Challenger
Nem duas semanas depois, um comunicado à imprensa quentíssimo, direto de Las Vegas, apareceu em nossa caixa de entrada, detalhando os planos da Shelby para um Mustang GT500 Super Snake de 735 cv. E, simples assim, a mãe de todas as batalhas de muscle cars havia começado. O embate fácil teria sido simplesmente deixar esses dois valentões se pegarem em um ringue de asfalto, mas nós queríamos mais. Então, resolvemos arrumar um trio de 700 cavalos e saímos à caça de um Challenger com insolência suficiente para andar roda a roda com o Shelby e o Hennessey.
Como os outros dois, o tunador do Dodge teria que produzir um veículo utilizável no cotidiano, não apenas uma obra maluca. Nós procuramos níveis de mecânica, acabamento e confiabilidade dignos de um fabricante, respaldados por garantia e assistência técnica. Com o Camaro já na disputa, Hennessey estava excluído do cargo de tunador do Challenger. Nós examinamos com atenção os lendários construtores de muscle cars Mr. Norm e Hurst Shifters, já que ambos haviam criado SRT8s de peso para o salão SEMA de 2008. O problema era que o Super Challenger de 900 cavalos de Mr. Norm é um exemplar único superpoderoso, enquanto os Super Challengers tradicionais não reúnem a tropa necessária. Nem os Challengers de Hurst Shifters: o mais potente SRT8 Série 5 empaca nos 580 cv.
O trio despeja toda a cavalaria no asfalto: força bruta
Durante o período de preparação, apareceram problemas grandes e pequenos. Um mês antes do duelo, a Shelby Automobiles soltou um comunicado à imprensa alterando a potência do Super Snake para 760 cv. Isso não incomodou muito a nós ou aos outros tunadores; nesses níveis astronômicos de potência, uma diferença de 45 a 50 cavalos representa apenas uma vantagem de 7%.
Sobra de potência exige destreza para não perder o controle da traseira
Dois dias antes de nossa batalha agendada, a SpeedFactory soltou a bomba maior. O Challenger Estágio 5 não iria participar. Após completar a troca de motor de 6.4, instalar o supercharger e fazer ajustes no dinamômetro com semanas de antecedência, eles fizeram a maior de todas as jogadas inexperientes – ficaram gananciosos. Aparentemente, alguém na Mopar Performance acenou com a promessa de um motor Hemi 7.2 com diâmetro dos cilindros e curso dos pistões aumentados todo em alumínio, e os caras agarraram a chance de incorporar esse motor e tirar uns 100 a 150 kg do nariz do Dodge.
Porém, um motor novo significava problemas novos. Atrasos deixaram a construção para a última hora e, quando eles finalmente instalaram o motor e peças mexidas, a comunicação deficiente entre a centralina e o sensor de ângulo do virabrequim melou todo o projeto. Será?
Após algumas ligações polidas e e-mails com palavras educadas, conseguimos convencer a SpeedFactory que levar o Challenger para nossa pequena escaramuça – não importava em que condições – era de todo interesse deles. Então respiramos fundo. Com nosso plano do Clube dos 700 definitivamente enterrado, nos dirigimos à K&N curiosos para ver como as coisas iriam se desenrolar.
No Camaro preparado chegaram nos 620 cavalos nas rodas com ajuda de um compressor
O próximo da fila era o HPE650, que deveria ter produzido cerca de 558 cv nas rodas se a alegação de Hennessey de 660 cv brutos fosse verdade. Quando ele produziu 620,5 cv e 82 mkgf de torque, nossas sobrancelhas e ânimo se ergueram. Talvez o Super Snake não fosse simplesmente sumir na ponta com todas as honrarias.
Cedo para falar. A SpeedFactory coloca seu Challenger SRT8 Estágio 5 na casa dos 700 cavalos líquidos, mas ele deu conta de tímidos 460 cv e 59,3 mkgf no dinamômetro. Isso apesar da turbina Vortech, intercooler água/ar e escapamento Corsa de aço inoxidável com catalisadores de alto fluxo. O que rolou? Um erro quase inconcebível, como descobriríamos mais tarde.
O mais comportado dos três é o Dodge, com 460 cavalos medidos no dinamômetro
O editor de testes Scott Mortara tentou sem sucesso todos os truques que sabia para executar uma largada limpa com o Snake. “Conseguir uma largada boa e precisa é quase impossível. É tudo uma questão de não deixar os pneus patinarem demais porque, não importa o que se faça, eles vão patinar”, disse Mortara. O melhor que ele conseguiu foi 4.1 segundos até os 96 km/h – empatando com um GT500 tradicional de 547,5 cv. O quarto de milha passou em 12 segundos cravados a 193,2 km/h, enquanto o irmão menor faz 12,4 segundos a 186,6 km/h. Poderia o Hennessey sair-se melhor com menos potência e mais torque, pneus mais largos e, mais importante, uma suspensão traseira independente?
A resposta foi um ligeiro pio dos pneus seguido por um rugido infernal enquanto o HPE650 se lançava a 96 km/h em 3,7 segundos, 160 km/h em 7,0 segundos e ao quarto de milha em 11,9 segundos e 195,2 km/h. Foi uma absurda exibição de força bruta. Não apenas esse tipo de velocidade é inédita em muscle cars de tração traseira, ela raramente é assim tão simples. “Um carro com o qual é relativamente fácil fazer uma largada comparado ao Snake e o câmbio com trocas sem soltar o acelerador é divertido – caso você se lembre de usá-lo”, Mortara concluiu calmamente.
Interior original do GT 500 Super Snake vem com manopla da alavanca de câmbio com desenho exclusivo, entre outros detalhes
Qual o segredo? Pneus. A SpeedFactory equipa os SRT8s Estágio 5 com o Bridgestone Potenza RE070R, que fanáticos por pneus reconhecerão ser a opção de alto desempenho para uma pequena baratinha conhecida como Nissan GT-R. Apesar da construção que os permite rodar vazios, eles produzem aderência impressionante – como mostrado pelos 32 m que o SpeedFactory precisou para parar a partir dos 96 km/h – um empate técnico com o HPE650 e três metros a menos que o Super Snake. Mais uma vez, nada mal para um peso-pesado, mas os pneus Potenza não curaram todos os males. No teste de aderência, o Hennessey Camaro retomou a coroa, segurando mais e mais rápido com 0,95 g de média e uma passagem de 25 segundos e 0,77 g nos cones em formato oito.
Com a vitória impressionante do Hennessey na pista de testes ecoando em nossas cabeças, era hora de levar os carros 145 km ao norte para o autódromo Streets of Willow. No caminho, Mortara e o editor geral, Arthur St. Antoine, registraram suas impressões sobre cada carro.
“É realmente divertido passear na rodovia com esse abelhão amarelo. Outros motoristas – particularmente motoqueiros – parecem adorá-lo. Os Estados Unidos certamente não perderam seu amor por máquinas musculosas grandes, chamativas e extravagantemente tunadas”, escreveu St. Antoine.
Por dentro, o Camaro também transmite esportividade, mas sem a mesma eficiência do rival da Ford
O som também define o Shelby, mas ele ressoa do cofre do motor. “O assobio da turbina é ótimo, soa completamente diferente do gemido padrão de turbina que se consegue com outros carros sobrealimentados”, anotou Mortara sobre o uivo elétrico do Super Snake. “Dirigindo pela cidade, pisando fundo quando se deseja, o carro é um estouro.”
O SpeedFactory marcou pontos por suas modificações comparativamente sutis. Seu perfil baixo, rodas negras e atenção aos detalhes receberam notas altas de St. Antoine. “Visual ótimo, um carro forte para machos. Certamente uma excepcional reinvenção de um original da década de 70 tunado.” No entanto, ele não é perfeito: o carro passou a fazer um ruído misterioso no assoalho que foi mais tarde diagnosticado como um suporte de barra antirrolamento frouxo.
Antes de fazer voltas rápidas no autódromo, Mortara definiu o ponto de referência com versões de fábrica, sem modificações, de cada carro. Nós usamos uma configuração incomum de circuito, deixando de lado a seção sinuosa em favor de uma combinação de curvas de alta e baixa para ver como os carros corpulentos se sairiam no geral. Não ficamos exatamente surpresos de ver o Mustang GT500, Camaro SS e Challenger SRT8 terminarem nessa ordem, afinal o Shelby produz mais de 100 cavalos e custa dezenas de milhares de dólares mais que os outros originais de fábrica. Nossos queixos caíram quando tabulamos a ordem de chegada dos tunados.
Exceto pelos pedais de alumínio e da instrumentação com fundo branco, o Dodge não é tão animador quanto os outros dois concorrentes
Você poderia chamar o que os caras da SpeedFactory fizeram de uma comédia de erros, exceto que nenhum deles foi engraçado nem de longe. Desde o início, eles estavam em apuros: as desventuras financeiras da Chrysler significavam que não se podia encontrar SRT8s com câmbio manual de seis velocidades.
A cobra identifica o Mustang envenenado
Apenas após o teste o erro foi percebido, para o desgosto dos rapazes da Geórgia. E, mesmo assim, o SpeedFactory não se saiu mal. Apesar da enorme desvantagem em potência, a escolha inspirada dos pneus, o excelente ajuste da suspensão e uma transmissão de cinco velocidades melhorada (que, dizem, deve estar no catálogo da Mopar em breve) ajudaram o carro a terminar pouco atrás do Super Snake na pista de testes e à frente dele no circuito. Ainda assim, eles não conseguiriam chegar em mais do que um distante terceiro lugar neste comparativo já que, embora inabaláveis, eles estavam tragicamente despreparados. Isso não pode ser perdoado quando se lida com o poder de fogo que requisitamos.
Rodas especiais no Camaro, mais largas que as originais
Para alguns, isso é o suficiente, já que o Super Snake era o pacote mais completo. Ele possui o maior conteúdo e melhor trabalho manual, por dentro e por fora, assim como uma gama de vantagens que não se vê, incluindo a certificação ambiental californiana (outras estão pendentes) e um nome reconhecido que praticamente garante um alto valor de revenda. Com esses pneus, ele simplesmente não tinha o respeito do Hennessey.
E o Dodge tem apenas pincas vermelhas como chamariz
referência
http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/0,,EAH0-10172-1026-2,00.html
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