Peças dos importados

As vendas de importados têm batido recordes no Brasil: só em fevereiro o crescimento foi de 170% em relação ao mesmo mês de 2009. Esse fenômeno fez com que compradores habituados aos nacionais tivessem acesso a um tipo de produto que ainda não conheciam. Porém o automóvel fabricado no exterior tem assustado uma boa parcela desses proprietários, principalmente devido aos custos de manutenção – mesmo para modelos que quase não são vistos como importados, como aqueles trazidos do México e da Argentina.

Foi o que descobriu o instrutor de mergulho Edson Simões Júnior, que entrou recentemente para o time dos donos de importado, ao sair de um Honda Civic nacional para um Nissan Sentra mexicano. “A Honda me vendeu um modelo meses antes da mudança de geração. Se soubesse, teria até entrado na fila de espera pelo novo. Mas acho que cometeram um crime de traição comigo”, diz ele. Assim como não sabia sobre a iminência da mudança de seu Honda, Simões também não sabia que os retrovisores do Sentra não eram rebatíveis nem que eram tão caros. “Não atentei para esse detalhe, senão jamais compraria o carro. Tivemos muitos problemas com ele e o espelho me custou em torno de 1 000 reais cada peça. Também só é vendido completo”, disse ele.

Peça rara
No caso de Simões, o problema é dobrado, já que ele tem dois Sentra, um dele e um da esposa, comprados com diferença de poucos meses. “Recentemente tive outra frustração: o protetor do cárter, que eu havia comprado como opcional, soltou após um impacto violento. Quis comprar outro e não acreditei que custasse 1 000 reais”, disse Simões.

Às vezes, tão ruim quanto o preço alto é o risco de falta de peças, caso do empresário Alberto Toussaint, que comprou um Ford Fusion V6, vindo do México, e teve de trocar um dos pneus depois de ter atingido um buraco. “Na concessionária, não tinham em estoque. Depois de três dias esperando pelo carro, reclamei e eles pegaram o pneu de um Fusion zero para colocar no meu”, disse Toussaint.

Não bastasse a espera, a questão de custo também incomodou o empresário. “Meu pneu tem medida 225/50 R17. Na concessionária, ele custou 1500 reais.” Uma pesquisa no mercado mostra que não é lá muito fácil encontrar essa medida e, em lojas de pneus importados, um modelo de outra marca saía por pouco menos da metade do preço: 700 reais. Mais uma razão para fazê-lo trocar seu Fusion por um Civic.

As peças dos importados também sofrem de outro mal: na maior parte dos casos, elas estão apenas nas concessionárias de cada marca, enquanto as dos modelos nacionais podem ser encontradas em lojas de autopeças de bairro. E, quando a peça está disponível, ela é cara. Um exemplo é o coreano Hyundai i30, que vende tanto que já é líder do seu segmento. Na concessionária, as palhetas do limpador de para-brisa custam 192 reais – cada uma. Ou seja, 384 reais para trocá-las. Já as do Astra saem por 30 reais o par. Mesmo as do Golf, que tem peças mais caras, ficam em 120 reais o par. Outro exemplo: os amortecedores dianteiros do coreano Kia Cerato variam de 580 a 730 reais cada um, dependendo da autorizada consultada. No caso do Civic, o par dianteiro custa de 450 a 640 reais. O jogo dianteiro do Chevrolet Vectra sai por 320 reais.

Por fim, há a grande diferença de preço de peças dentro da própria rede, como vimos acima, com os amortecedores do Cerato. Em alguns casos, como no dos amortecedores do Sentra, a variação é de quase 100%. Em uma das revendas consultadas, o direito custava 462 reais e o esquerdo, 310,90 reais. Em outra, cada um custava 601,57 reais. Na Ford, os preços de peças, na maioria dos casos, são os mesmos de uma concessionária para outra. Na lojas Honda e Toyota, isso é uma regra.

Outro ônus de ter um importado pode ser sentido ao assegurar o patrimônio. O seguro do Kia Cerato EX sai por 4 386 reais para o perfil de um homem de 35 anos, casado, com filhos e garagem no trabalho e em casa, segundo cotação da corretora Selecta Seguros. Um Vectra Expression fica em 3 760 reais. O mesmo vale para a apólice do Ford Fusion, que custa 3 884 reais. O Toyota Corolla SE-G, que tem o mesmo preço de venda, tem cotação de 2 992 reais.



COMPRA SEM MEDO

Você sonha com um importado, mas ficou com medo da manutenção? O segredo para comprar um sem susto é descobrir quanto ele lhe custará depois, comparado aos rivais. Faça primeiro a cotação das peças de reposição obrigatória (pastilhas, amortecedores, filtros, embreagem etc.) e outra de itens de funilaria, necessários apenas em caso de acidentes (para-choque, capô, retrovisor etc.). Cheque sempre em várias autorizadas, pois não é raro o preço variar de uma revenda para outra. Um exemplo: na pesquisa que fizemos para o amortecedor do Sentra, a mesma peça variou de 310 a 601 reais. Verifique ainda o valor das revisões obrigatórias até os 30 000 km, supondo-se que você ficará com o carro por uma média de três anos. Por fim, é hora de cotar o seguro. Se, ao fim do processo, concluir que os custos estão dentro do razoável e compensam o prazer de ter o carro que você tanto quer, leve-o para casa e seja feliz.

referência
http://quatrorodas.abril.com.br/

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